quem cuida de quem cuida?
Os impactos da pandemia na vida de nós, mulheres!
Em um país extremamente desigual, os graves impactos socioeconômicos e culturais decorrentes da pandemia global afetam de forma mais intensa as mulheres, especialmente as pobres e negras, devido à sobrecarga do trabalho do cuidado (com aumento da demanda de cuidados de filhas/os e idosas/os) e a drástica redução das fontes de renda (com impacto ainda maior nos setores populares da economia), a ausência e/ou fragilidade das políticas sociais, que leva ao crescimento da pobreza e aumento da fome . Ela amplia ainda mais dinâmicas de desigualdade, injustiça e violência e escancara as condições precárias de moradia, higiene e acesso à água de uma parte expressiva da população e a ausência do Estado por meio de políticas públicas que garantam esses direitos. A presença do Estado se dá, na maioria das vezes, quase que exclusivamente através da força policial, cuja abordagem é duramente criticada pelas defensoras e defensores da vida e dos direitos humanos.
Em territórios mais vulneráveis à pandemia - como aqueles onde se realizarão nossas ações - as mulheres também são a maioria dentre as pessoas que está na linha de frente de ações comunitárias e de solidariedade, desempenhando um papel chave na circulação de informações relevante(s), nas ações de prevenção e de exigibilidade de direitos, especialmente saúde, alimentação e educação.
É evidente, também, em tempos de isolamento social, um aumento da violência doméstica (agressão física e verbal) contra as mulheres deixando ainda mais em evidência que para muitas mulheres nem mesmo seus lares são lugares seguros. O contexto da pandemia também torna ainda mais difícil a realização das denúncias; muitas mulheres ficam sem as redes de apoio de suas comunidades e o acesso a serviços básicos fica ainda mais deficiente.
Foi pensando em tudo isso que gestamos esta ação, acreditando que quando contamos umas com as outras ganhamos parceiras que nos ajudam a enfrentar todas essas situações complicadas do dia a dia. Coletivamente, ganhamos força e potência. Que esta experiência nos permita nos conhecermos mais umas às outras, fortalecendo nossas relações, fortalecendo nossa relação com a natureza e, finalmente, nos permita nos conhecermos mais a nós mesmas.
